My Life on the Road, Gloria Steinem
O livro da Gloria Steinem caiu-me no colo de forma quase aleatória, numa daquelas situações em que parece que o destino escolhe os caminhos por nós. Bom, talvez nem tanto. O encontro aconteceu quando resolvi espreitar o muito falado clube do livro criado pela Emma Watson no Goodreads. Eu sabia que não valia a pena inscrever-me porque, ao contrário do que diz a nossa Sara, a Emma nunca disse que não tinha mal deixarmos o livro a meio ou não o lermos. E eu, para além da vida ocupada tenho, desde os tempos da escola, pouca vontade de ler sob pressão. Então escolhi um e esse “um”, por coincidência do momento, chamava-se “My Life on the Road”, da Gloria Steinem, que eu conhecia como escritora e defensora dos direitos humanos mas nunca tinha lido.
Li o livro por episódios. De facto, parece-me que essa é a única maneira de o fazer. Como diz a Jane Fonda, fui muitas vezes obrigado a pousar o livro para interiorizar a mensagem que tinha acabado de ler. Considero-me um aprendiz de feminista. É óbvio que, tendo nascido homem, sentindo-me homem apesar de, acima de tudo, me sentir um ser humano, há aspetos na vida das mulheres que eu nunca vou sentir. Mas este livro foi, juntamente com o que oiço nos nossos encontros, o mais próximo que estive até hoje de me “sentir” mulher. O livro tem uma força 1.000 vezes o seu peso literal. Ele manda-nos levantar o rabo das cadeiras e fazer alguma coisa de bom e de significativo com as nossas vidas. Depois de “My Life on the Road”, senti-me muito mais próximo de compreender as dificuldades por que passam outros géneros. Não posso dizer que isso me tenha tranquilizado. Percebi, naquelas páginas, que ainda há tanto a fazer.
Carlos Luís Ramalhão
Título: My Life on the Road
Autora: Gloria Steinem
Editora: Random House
Versão original escrita em inglês
Contribuição: Carlos Luís Ramalhão