Calibã e a Bruxa, Silvia Federici

Este livro é um ensaio da escritora, ativista feminista e professora Silvia Federici, sobre as mulheres, o corpo e a acumulação original. Aborda a história da exploração mas também da resistência das mulheres durante a transição do feudalismo para o capitalismo. Demonstra como o sistema capitalista explorou e continua a explorar o corpo feminino e que sem esta desvalorização do papel e do trabalho gratuito das mulheres seria impossível a manutenção do "sucesso" deste sistema exploratório e extrativista em todos os sentidos.

Cheguei à autora, professora e ativista feminista Silvia Federici através de uma referência que me suscitou curiosidade no Clube do Livro Feminista de março, e após uma sequência de conversas próximas em que este livro foi abordado. Decidi comprá-lo. Antes de ter acesso ao conteúdo, fiquei agradavelmente surpreendida com a edição de Calibã e a Bruxa da escritora Silvia Federici, pela editora Orfeu Negro. A capa, a paginação, as cores, as ilustrações, o toque … tudo me agradou! Levei-o de férias comigo. Não por ser uma literatura de verão, mas porque queria ter tempo suficiente para o desfrutar. Ainda não terminei a sua leitura, que é densa e me faz parar muitas vezes, voltar para trás, ir mergulhar noutras referências. Mas o processo desconstrutivo é mesmo assim, não linear. Leva-nos a reequacionar antigos paradigmas.

A visão histórica de Silvia Federici põe em causa a forma ocidental normativa de olhar para a realidade, tendo em conta as mulheres, o corpo e a acumulação original. Aborda a história da exploração e da perseguição destas, mas também da sua resistência durante a transição do feudalismo para o capitalismo. Demonstra como o sistema capitalista explorou e continua a explorar o corpo feminino e que sem esta desvalorização do papel e do trabalho gratuito das mulheres, seria impossível a manutenção do sucesso deste sistema exploratório e extrativista em todos os sentidos. Penso que é um livro fundamental para rever a amputação a que a Mulher esteve sujeita na interpretação da história, mesmo nas suas visões marxistas e foucaultianas. Essencial neste momento de expansão global e reforço das relações capitalistas em todo o mundo, que de forma deliberada denigrem a natureza de quem é vítima de exploração, sejam mulheres, migrantes, pobres ou pessoas racializadas. Após a suposta abolição das escravidões, o sistema capitalista persiste em reinventar a classe dos sub-humanos, ao serviço da acumulação do capital por a tal minoria dos 1%. Mas este já é outro livro…

Leo

Título: Calibã e a Bruxa
Autor: Silvia Federici
Editora: Orfeu Negro
Contribuição: Leo

Cassandra

Cassandra é uma estrutura de criação artística.

É também o nome da mulher que Apolo amaldiçoou por ter recusado a sua sedução, tornando-a capaz de prever o futuro sem que nunca ninguém acreditasse nela.

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